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O desafio das concentrações urbanas


O processo de urbanização, que continua acelerado em todo o mundo, foi objeto de um importante estudo das Nações Unidas - O Estado das Cidades do Mundo: Unindo o Urbano Dividido, apresentado durante o Quinto Fórum Urbano Mundial, realizado no Rio de Janeiro de 22 a 26 de março - que chama a atenção para os graves problemas dele decorrentes, em especial nos países em desenvolvimento.


Nada menos que 90% do crescimento da população urbana ocorre nesses países. As favelas registraram crescimento de 10% nas últimas décadas. Embora, apesar desse aumento, tenha havido ao mesmo tempo um avanço, pois 227 milhões de pessoas conseguiram deixar as favelas desde 2000, elas ainda têm uma população de 827 milhões em todo o mundo. As cidades mais ricas dos países em desenvolvimento atraem milhões de pessoas, que vão morar em favelas nas periferias. Em sua contínua expansão, elas formam corredores urbanos que vão além das fronteiras municipais e integram uma cidade a outra, formando o que os especialistas chamam de "cidades sem fim".

O exemplo mais impressionante da formação dessas imensas concentrações urbanas que parecem não ter fim é o da região de Hong Kong-Shenzhen-Guangzhou, na qual vivem cerca de 120 milhões de pessoas. No Brasil, assistimos à formação de megalópoles como a que está surgindo da ligação das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, e, num futuro não muito distante, veremos a integração das nossas duas principais cidades, São Paulo e Rio, que abrigarão mais de 40 milhões de pessoas, numa das maiores conurbações do mundo.

Os problemas dessas regiões são proporcionais ao seu tamanho. Segundo estudos do Banco Mundial, 80% da área urbanizada do mundo tem nível elevado de desigualdade e cerca de 60% da população carente vive em cidades. As concentrações urbanas dos países em desenvolvimento reproduzem, é claro, as diferenças sociais e econômicas que os caracterizam. Situação agravada pela incapacidade dos governos de enfrentar desafios como os da ampliação da infraestrutura e dos serviços - transporte coletivo, educação, saúde, segurança pública, saneamento básico -, gerenciamento satisfatório de situações de risco e de proteção ao meio ambiente. Desafios que para serem vencidos exigem não só pesados investimentos, como também alta capacidade técnica de gerenciamento.

No Brasil, a cidade de São Paulo, com um terço da população - 994 mil famílias - morando em favelas, loteamentos, cortiços e outros assentamentos, resume bem todos esses problemas. Alguns avanços importantes têm sido registrados nos últimos anos - a urbanização das favelas é um exemplo -, mas resta uma tarefa gigantesca a cumprir para resolver o problema.

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